1998, Maringá, PR, Brasil.
Vive e trabalha em Curitiba, PR, Brasil.
Laura Ridolfi trabalha principalmente com pintura sobre tela e desenho sobre papel. A artista utiliza a geometria como principal motivo de trabalho, relacionando as formas e cores, explorando a tridimensionalidade na superfície plana do tecido. Além disso, numa busca mais recente, procura a azulejaria como uma referência importante na sua obra e a introdução a elementos figurativos que remontam de anedotas que recolhe da sua história familiar. Sua busca é criar seu repertório de motivos geométricos e de figurações que abracem cenas e expandir narrativas para além da própria imagem.
Motivos é um projeto de curadoria na área de artes visuais com o objetivo de apresentar a produção artística mais recente de Laura Ridolfi (Maringá, 1998). Sua pesquisa poética se orienta pela produção em pintura de abstração geométrica, baseadas num estudo de tradições em azulejaria. Esse elemento a interessa em sua especificidade narrativa, e é a partir de sua qualidade ornamental que a artista tem desenvolvido a sua prática pictórica.
Laura Ridolfi trabalha com pintura desde muito jovem, localizando as suas primeiras experiências em 2013. Todavia a sua formação em artes visuais começa ainda na infância, uma vez que possui a influência familiar de seus pais, também artistas, Paolo Ridolfi e Cristina Agostinho. Foi formada, portanto, pela experiência em seus ateliês, e nas oficinas promovidas pela mãe, que também é professora no Ateliê Tabaetê, em Maringá. A artista possui formação universitária em Psicologia, atuando desde então como psicóloga clínica, na área de psicanálise. Atualmente, vive e trabalha em Curitiba, estabelecendo o seu ateliê na Casa Quatro Ventos e frequentando o ateliê coletivo de litografia, orientado pela artista Maria Lúcia de Júlio, no Museu da Gravura. Também participa de cursos livres na área de artes visuais, ministrados por artistas como Paloma Mecozzi e Rafael Alonso.
O seu trabalho em pintura é centrado na construção de figuras geométricas. Ao analisar a sua produção artística é notável a construção processual de um vocabulário de formas que se repetem e que, assim, constituem a sua linguagem poética. Esse glossário é composto por polígonos, poliedros e fractais, pertencentes ao vasto léxico das formas da geometria plana e espacial. As formas correspondem a códigos que se combinam a cada nova composição, criando narrativas inéditas, e tornando mais complexo esse modo de comunicação de suas histórias, feitas de padrões e ornamentos.
A fatura de suas geometrias é realizada por um uso mínimo de ferramentas de precisão. O que delimita a medida das formas é a sua mão, que dirige o pincel, e o corpo, que traz ritmo para a composição. Assim, o seu processo se afasta de um maquinismo que traria com exatidão os ângulos, inclinações e distâncias dos quadrados, triângulos, paralelogramos. É a diligência do gesto e o seu conhecimento corporificado que indicam os limites das formas. Elas também se manifestam por um uso preciso de cores, com uma paleta diversificada de tons vibrantes, que trazem o contraste necessário para evidenciar os planos, volumes e impressão de movimento - outras das características essenciais investigadas pela artista em seu trabalho.
A construção de seu espaço pictórico parte da divisão da composição em grades, aludindo à estrutura emblemática do modernismo. Mas, em suas imagens, as coordenadas das grades não são autorreferentes ou, pelo menos, não se referem apenas às características da própria pintura, pois fazem menção, principalmente, a um objeto importante presente nas superfícies do mundo, o azulejo. Revestimento de peças cerâmicas individuais que, quando combinadas, formam uma infinidade de padronagens. Suas pinturas possuem elementos que fazem referência aos tipos de decoração ou temas dos azulejos enxaquetados, de padrão, de tapete e os de barra.
Contar histórias por meio de ornamentos geométricos e figuras padronizadas faz parte de diversas culturas, desde a antiguidade, no desenvolvimento da arte da azulejaria. A vasta disponibilidade de argila na natureza fez com que esse tipo de revestimento se tornasse um dos componentes essenciais das edificações. O azulejo, como revestimento, possui uma dupla função: como elemento construtivo resistente e duradouro, mas também como arte aplicada e decorativa. Essa especificidade atribui uma qualidade narrativa aos azulejos, uma vez que é possível produzir imagens em sua superfície no processo de esmaltação, o que o torna um meio importante de expressão artística, resistente ao tempo.
As imagens escolhidas para ornamentar as construções remontam aos símbolos presentes no lastro cultural de cada sociedade. No exemplo da Espanha, sua arte em azulejaria possui influência moura (como nos azulejos típicos de Alhambra, em Granada), e se desenvolve tendo forte inclinação religiosa. Em cada contexto geográfico, o processo de fabricação, os ornamentos, os usos arquitetônicos e as cores dos vidrados são diferentes, informados por essa genealogia cultural. A azulejaria portuguesa, em específico, se constitui a partir da relação política entre Portugal e Espanha, no final do século XV, e adquire uma posição relevante na expressão artística nacional, sendo um de seus maiores patrimônios. O azulejo transmite narrativas a partir de seus painéis historiados, mas também contribui para a comunicação de cada cultura e sociedade por meio do estilo de seus ornamentos.
Em 2022, a artista fez uma viagem para Portugal para conhecer a aldeia Redonda de onde descende parte de sua família materna. A experiência chamou a sua atenção para a presença dos azulejos nessa cultura e que, por influência colonial, também se reflete no uso do revestimento na arquitetura brasileira. Trazer essa informação biográfica como parte de seu processo artístico foi importante para o reconhecimento do aspecto de ancestralidade do seu trabalho, tanto na aprendizagem de seu ofício como artista, a partir do exemplo de seus pais, quanto na história de imigração de sua família. Desde então, os azulejos passaram a motivar conceitualmente a sua pesquisa.
Essa proposta curatorial propõe, portanto, a apresentação do conjunto de trabalhos em pintura de Laura Ridolfi, contextualizando-o a partir de sua pesquisa poética orientada pelo estudo da arte da azulejaria, e também em sua atualização da estrutura espacial modernista da grade. A exposição busca pensar a geometria na produção artística contemporânea, trazendo, a partir do trabalho da artista, reflexões suscitadas por sua poética. Nesse sentido, promove o debate sobre a linguagem da pintura e questões formais como: padronagens, cores, ilusão de movimento e profundidade, planos, espaço pictórico. Mas, também, considerações acerca da estética de ornamentos como formas de linguagem, sendo o seu vocabulário geométrico construído em diálogo com a tradição dos azulejos e seus aspectos narrativos e culturais.
Entre categorias de invenção de mundos, há na auto ficção a beleza da infinitude, possibilidades de reinventar o que foi vivido uma vez, o que foi imaginado outra vez, o que foi reimaginado tantas vezes. Compreendo o trabalho de Laura neste universo, onde entrecruzamentos de desejos muito íntimos, talvez nunca manifestados dentre as possibilidades do mundo real (muito pequeno para o que é projetado no horizonte, originalmente tão fixo, plano) nos causa vontade de olhar novamente, e ao olhar, percebemos então que seu horizonte é panorâmico, faz curvas, não termina. Ao acompanhar seu processo, recebemos imagens com uma constância assustadora, são excertos de uma história antiga escavada entre paredes de porcelana estendidas ao presente. Ao olhar para trás, notamos uma manifestação pessoal de que as imagens precisam se transformar, e vemos acontecer a reforma. Essas paredes, tão cuidadosamente erguidas deste local familiar, racham em azulejaria, trincam no interesse, quebram em grades de nitidez escassa vinda dos materiais de 'criança', do lápis, do giz, do guache, camada por camada. Os olhos daqueles que despendem tempo para enxergar, se confundem e embaçam com a poeira daquilo que era e agora passa a ser, sentimos o incômodo necessário, a falta de certeza é precisa aos olhares desacostumados, e o que é visto não se espera. Ao me deparar com a obra 'Nem se fizesse tudo minha cabeça ia parar de coçar', de 2023, percorro corredores entre paredes quadriculadas, e posso reencontrar nossa convivência ao imaginar um plano de fundo que não está visualmente posto. Mesas onde jantares foram compartilhados, muitas pessoas, e uma dança tão livre quanto seus motivos coloridos, decoram uma alegria revolucionária. O espaço que adentro me invade, e ao mesmo tempo invado este lugar. Neste percurso, desvio rapidamente de uma mulher com asas e uma adaga afiada, ela permite que eu fique ainda que eu não peça permissão, ferve o café e serve todas as xícaras desta mesa tão cheia e tão vazia, me diz que irá defender esta casa, é nova, é dela, é curva, mesmo. Nada está onde deveria e por isso a preserva. O gole do café esquenta a garganta como um aviso, devo ir embora, retornarei quando puder encarar puramente a história que se cria ali.
2020
Psicologia, Universidade Estadual de Maringá
2024
Participou do grupo de Orientação Artística ministrado pela Regina Parra.
Integrante do Ateliê Aberto 2024, ministrado por Willian Machado, no Sesc Paço da Liberdade, Curitiba, PR.
2023
Integrou o Ateliê Aberto 2023, ministrado por Willian Machado, no Sesc Paço da Liberdade, Curitiba, PR.
Aluna do Ateliê de Litogravura, coordenado pela artista Maria Lúcia de Julio, no Museu da Gravura em Curitiba, PR.
Aluna do curso Práticas Discursivas para Artistas, ministrado pelo curador Arthur do Carmo na Soma Galeria, em Curitiba, PR.
Integrante do grupo interdisciplinar de estudos em pintura e arte contemporânea com sede no espaço PF Performance Art, Curitiba, PR.
2022
Trabalhou como assistente do artista Paolo Ridolfi, Maringá, PR.
Aluna do curso de Desenho de Observação ministrado pelo artista Rafael Alonso, Rio de Janeiro, RJ.
2021
Participou da Intervenção Artística junto ao Muro Céu das Artes em Iguatemi - PR, como parte da oficina da artista Mônica Nador, no 3o Seminário Maringaense de Arte Contemporânea (SMAC).
Aluna do curso Corpo, Arte e Psicanálise com André Abu-Merhy, Gabriela Serfaty, Paula Legey e Thereza De Felice realizado pela A borda: arte, clínica e psicanálise, Rio de Janeiro – RJ.
Aluna da oficina Desenho e Pintura ministrado pela Paloma Mecozzi, São Paulo, SP.
2020
Monitora na oficina ‘Abstração da forma’ na exposição Transposição de Amanda Fahur, curadoria Rafaela Tasca, no Museu de História e Artes Hélenton Borba Cortês, Maringá, PR
Participou da Oficina de Produção de Bandeiras, ministrado por Stephan Doitschinoff, com Rodrigo Braga e assessorado por Cris Agostinho, realizado por meio do SMAC, Maringá, PR.
Aluna especial da disciplina Psicanálise e Estética, ministrado por Christian Dunker e Juliana Portilho, pelo programa de pós-graduação em Psicologia da USP, São Paulo, SP.
Participou do curso Reprodução de Corpo e Reprodução de Sujeitos, ministrado por Vera Iaconelli, por meio do Espaço Cult, São Paulo, SP.
2019
Aluna do workshop Processo Autoral em Desenho e Pintura, ministrado pelo artista Stephan Doitschinoff, Curitiba, PR.
Participou do Projeto de Extensão Juventude do campo: oficinas de formação humana, trabalho e cultura, realizado pela Universidade Estadual de Maringá, através do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes/Departamento de Psicologia, coordenado pela Maria Therezinha Loddi, Maringá, PR.
Ministrou a oficina Desenvolvimento Criativo em Aquarela, como desdobramento da exposição Novas Velhas Formas, na Boiler Galeria de Arte, Curitiba, PR.
2018
Assistente da pesquisa 'A eficácia da Arte-psicoterapia na redução de comportamento problema em indivíduos expostos ao trauma: Foco na Avaliação Individual do Sujeito', coordenada pela pós-graduanda Marina Leal, realizada por meio da University of South Florida.
Integrou o Ateliê Tabaetê, acompanhada pela artista Cris Agostinho, Maringá, PR.
2017
Atuou na comissão organizadora do evento Caixa das Cartas Poéticas, ministrado por Cris Agostinho, Gilmar Leal Santos e Josué Mattos e realizado pela Universidade Estadual de Maringá, no departamento de Arquitetura e Urbanismo, Maringá, PR.
2013 - 2016
Frequentou o ateliê do artista Paolo Ridolfi, Maringá, PR.